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  • No que estás a pensar?

    quarta-feira, 12 de maio de 2010
                                                                                                                                                                            
    "-No que estás e pensar?, perguntou dissimulada atrás dos seus óculos de sol.
    - Se acontecer depois eu digo-te...respondeu ela.

    Essa pergunta era recorrente entre elas, e quando A. fez a pergunta, quis responder-lhe de imediato que estava a pensar no quanto lhe apetecia pegá-la nos seus braços e poder finalmente tocar os seus lábios com os dela. No entanto sabia que era demasiado arriscado e tinha demasiado receio da resposta de A.

    A tarde continuou o seu rumo, foram passear na areia conversando sobre tudo um pouco. No entanto só conseguia pensar no quanto gostava daquela rapariga ali ao seu lado, do seu jeito...do quanto lhe apetecia tocar na sua pele. Nessa altura ainda não pensava nela em termos sexuais nem imaginava fazer amor com ela, mas sabia que se alguma vez chegasse a beijá-la, nunca mais quereria largá-la.

    Num recanto mais escondido acabaram por parar e encostar-se a uma rocha. O ambiente era pesado pois ainda na véspera A, tinha-se aborrecido com ela por ser tão insistente em querer saber se alguma vez poderia acontecer alguma coisa entre elas. Estava arrependida por ter forçado o assunto mas por outro lado estava de alguma forma feliz pois A. havia deixado entender que sentia a mesma vontade que ela de estar perto dela, de partilhar mais do que um abraço...
    A. não falava, e quando falava as suas palavras eram tudo menos meigas, sentia-se nela ainda o efeito da véspera e claro que estava decidida a não tornar as coisas fáceis para D.
    Após uns tempos regressaram ao carro para voltar para casa. Haviam combinado jantar juntas nesse dia. D. cozinharia para A.

    "-Sempre jantas comigo em casa?
    -Se quiseres sim, é igual.
    -Não tens de ficar se não quiseres não é? S´ficas se realmente quiseres.."

    Ao ouvir essas palavras, A. aborreceu-se novamente e respondeu friamente e obviamente chateada:

    "-Não não quero! Pronto, satisfeita?!"

    D. entrou automaticamente em pânico e sentiu que tinha abalado tudo ao querer à força que A. exprimisse vontade e gosto em estar com ela para jantar. pediu desculpas uma dezena de vezes e lá conseguiu convencê-la a ficar. D. tinha um jeito muito especial para irritar A. e metia constantemente a pata na poça. Nesse momento sentiu que o resto da noite teria de ser perfeito e que não poderia voltar a ter uma atitude estúpida com A. ou arriscar-se-ia a estragar tudo de vez.

    Enquanto preparava o jantar, sentia-se constantemente a tremer por dentro. Não conseguia deixar de imaginar em como gostaria que a noite corresse, na melhor forma de agradar a A. sem fazer novamente nenhuma gaffe.
    Muito embora não deixasse de pensar no quanto queria realmente que algo acontecesse entre elas, essa ideia parecia-lhe obviamente boa demais. o seu desejo era tão forte mas tudo aquilo lhe parecia impossível e à medida que os minutos e as horas iam passando, sentia-se cada vez mais nervosa por ver que as coisas lhe estavam a correr bem, pois isso implicava que talvez o seu sonho se viesse de facto a realizar, e essa ideia deixava-a simultaneamente aterrorizada e feliz.

    Após o jantar voltaram para o sofá onde já tinham estado um pouco antes. A muito custo e medo D. aproximou-se de A. mexendo-lhe no cabelo como tanto gostava. Sentia-se nervosa e com receio que a qualquer momento A. decidisse acabar com aquele momento e fosse embora. No entanto, nada disso aconteceu. D. encheu-se de coragem e aconchegou-se no colo de A., alojando a cara no seu pescoço para respirar aquele cheiro tão característico e electrizante que tanto adorava. Aos pouquinhos foi-se atrevendo e arriscou uns beijos discretos e envergonhados no pescoço de A.

    Toda ela se sentia em ebulição, entre o receio e a vontade...mil vezes sentiu-se prestes a tentar beijá-la mas recuava interiormente no último segundo. Recuava e foi recuando até que avançou. Lentamente os seus beijos foram subindo pelo pescoço até que encontraram os lábios de A. Nesse instante sentiu uma sensação que nunca tinha sentido antes com tal intensidade...como se milhares de borboletas estivessem a voar no seu estômago e em todo o seu corpo. Se tentasse levantar-se e andar naquele momento, está convencida de que não teria caminhado mas sim voado. Os lábios quentes de A. haviam correspondido o seu beijo e eram a coisa mais doce e suave que alguma vez havia tocado em toda a sua existência.
    Passados alguns segundos, começou a recear que assim que os seus lábios se separassem, A. cairia em si e diria que era um erro, que não queria aquilo, que não podia ser, ....

    "Isto é de loucos!", foram na verdade as suas palavras quando pararam e olharam uma para a outra. A. soltou uma gargalhada e repetiu essas palavras algumas vezes. Ainda receosa mas ainda contagiada pelas borboletas imparáveis no seu estômago, D. voltou a beijar A. e sentiu-se renascer ao ser correspondida.
    O sonho havia-se tornado realidade e tudo aquilo lhe pareceu um autêntico filme, um filme ao qual ela desta vez não assistia mas sim era uma das personagens principais.

    Desse dia em diante, o mundo mudou para ela. As cores mudaram e avivaram-se, as borboletas nunca mais deixaram o seu estômago e o seu coração ganhou asas ela não sonharia ser possível...."

    Por vezes cruzam-se e encontram-se as vidas de duas pessoas...e essa junção consegue mudar a forma como o mundo gira, consegue abalar todas as certezas e incertezas de uma alma.

    1 comentários:

    1. A. disse...:

      ...Que D. continue sempre a sentir as pernas bambas,as borboletas no estômago e a pata na poça por muito,muito ,muito tempo!!

      É dessa forma "atabalhuada" que ensinou A. a amá-la pelo que é e pelo que tem sido...é assim que se mantem a paixão acesa!

      ...venham mais momentos!

      GMDT!!

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