Gavetinha
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Pensava estar "serena" e não ter nada para dizer hoje...
Não sentir nada de especial...
E afinal....
Dei por mim a chorar...
Algo que eu vi tocou-me e deixou-me emocionada...
E de repente, já estava a sentir as lágrimas na minha cara...
Claro, todos choramos por vezes em frente à televisão
Ou simplesmente porque algo nos emocionou
Ainda que não tenha nada a ver conosco..
Mas isto...foi diferente...
Chorei quantas lágrimas tinha..
Por tudo aquilo que eu sinto e tenho sentido...
Por todas as preocupações, as mágoas, as feridas...
Foi irremediável...
Por vezes seguramos as nossas emoções e as nossas frustrações por tanto tempo e com tanta força que chega um dia em que todas elas surgem...
como uma bolha de ar subindo à superficie...
Na verdade são muitas bolhinhas de ar surgindo todas ao mesmo tempo...
E é simplesmente impossível lidar com isso tudo de uma vez...
Senti-me chorar pelos motivos mais diversos....chorar do coração mesmo....
Mas não fiquei mal ou deprimida....
Penso ter ficado simplesmente "limpa"...
O mal e a dor, a angústia, a ansiedade...
Tudo isso acumula-se como que numa gavetinha que mantemos bem trancada....
E mesmo quando vemos que está a ficar cheia, continuamos a carregar mais para baixo, para caber mais um pouquinho...só mesmo -pensamos nós- até termos tempo, ou vontade ou coragem de a abrir para esvazia-la...
Enquanto isso, esses sentimentos todos vão se transformando num pequeno nó...
Primeiro pequeno, depois maior e depois maior ainda...
E quando já não resta nem mais um espacinho na gaveta,
qualquer coisa...um acontecimento, um sentimento, uma palavra, um suspiro a faz rebentar...
E aí reagimos...
Alguns de nós gritam, outros deprimem, outros choram ou entram em autêntico pânico...
Eu chorei....
Limpei e arrumei a gavetinha...
Porque, de vez em quando, é imprescindível...
A gavetinha de cada um é diferente...
A minha é pequenina..
Mas tem-se..ou tinha-se feito grande....
Agora....provavelmente vai encher outra vez....
Mas não é importante...importante é deixa-lá abrir-se quando chega a altura...
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